quarta-feira, setembro 21, 2005

TRANSFUSÃO

Nada pode passar desapercebido quando a noite chega, ainda mais quando a noite chega e traz a chuva.
São pesadas gotas de água descendo rua abaixo e um barulho delicioso que não altera os rumos da conversa.

O sangue corre pelo corpo, morno, sem transparecer percebo que minhas sanguenovias começam a acelerar,
você está por perto. É o sangue que começa a mexer comigo e percebo que talvez o meu caso seja mais
grave do que aparenta. Falta dele? Muito talvez?. O.k., talvez isso seja alguma coisa só da minha
cabeça. Mas, você está lá, seu olhar se perde pelo lugar, sempre mantendo uma altivez ímpar, um jeito
que só você sabe. Meu sangue está congelando.


Você fica perto de mim e eu me perco em tentativas de arrancar sorrisos e olhares especiais para
mim. Meu sangue esquenta.


Eu bebo. Você bebe. E o líquido que refresca também parece um combustível feroz para minha cabeça, estou
viajando em possibilidades. Meu sangue ferve.


Não tem jeito, preciso da sua ajuda agora, toque- me, raspe a sua pele na minha, deixe eu sentir os
arrepios que vão calibrar a minha pressão. Pressione suas coxas na minha e resolva o batimento disparado do
meu coração. Meu sangue começa a evaporar.


Nada é mais possível no meu caso, estou esvaindo, sua pele toca a minha, suas mãos estão sumidas
segurando um copo qualquer. E eu?


Me perdi nessa noite em vontades e desejos, meu sangue não flui, sumiu? O que importa agora é a
possibilidade de eu reviver tudo isso, de sentir cada pedaço do tempo que passou e dos que eu vou
inventar agora, preciso de vida, preciso de sangue.


Que tal fazer uma transfusão agora!?

VOLTO A ESCREVER, DE ONDE
NUNCA DEVIA TER PARADO

.

obrigado vivi.