terça-feira, maio 19, 2009

Segundo.

Poemas pequenos são cruéis
Nunca dão tempo de...

Nuvens Sólidas

A bordo de um vôo número 315
com destino definido somente para o céu
quem mais senão eu estava lá perdido
e desesperado por estar a 10.000 pés de altura.
Fiquei imaginando em quantas pessoas isso se daria
e se seriam de pés grandes ou pequenos
com sapatos ou sem.
Passado algum tempo, descobri que nada pode
afligir o interior do passado de metal,
a não ser o bater do meu coração que
com toda certeza, deve ser captado pela cabine
do comandante, que está tentando sua decifração
como se fosse um código novo.
Tudo pode ser possível nos horizontes do Brasil,
ainda mais aqui em cima.
Aquele chão decrépito e cheio de estrias me deixa saudades.
Medo de Avião !!
Driblar o meu estômago que se encontra em estado
de efervecência, louco para vomitar todos esses medos.
Foi na tranquilidade, na calmaria do vôo que passei a
acreditar que, ao homem, nada amedronta.
Então, por que medo de invasões...
medo de se apaixonar...
medo de envelhecer...
medo de ajudar...
se nós resistimos tranqüilamente a essa altura
dentro dessa bizarra forma de pássaro mal acabado ?
Sei lá, talvez o momento de agora seja propício
para me levantar e ativar a bomba que sempre carrego
comigo, e detonar aqui dentro.
Passageiro doido, estoura avião há dez mil metros de altura
Mesmo tempo que recita Torquato Neto.

Sentido.

Morrer é o
único poema
perfeito.