domingo, abril 20, 2008

I Walk It Alone

Sozinho? Sei lá.
Mas é sempre assim, começo a repartir passos, trocar paisagens e de repente chuva e tempo ruim começam aparecer no meu horizonte. Será imaginação?
A droga é ficar procurando respostas todos os dias todas as horas, talvez todos tenham razão. Eu quero a estrada só para mim.
On the road?
O cara sabia das coisas e talvez eu deva pegar uma máquina de escrever da coleção e sair sem rumo, dedilhando palavras e mais palavras sobre os acontecimentos. Que eu vou achar? Quem eu vou mandar embora de novo?
O tempo vem voando e passa por mim como um furacão e saio esfolado e meio sem jeito mas sempre acho que esse é meu caminho, estarei eu chegando numa minha crossroad? Pior ainda, será que não estou indefinidamente preso a ela.

Minha encruzilhada será a minha cruz?
Quem sabe. Nem eu consigo saber. Dessa forma vou circulando por essas estradas da imaginação, do sonho que fico tentando realizar, talvez se eu soubesse o que estou sonhando ficasse tudo muito mais fácil. Assim, continuo pela estrada sozinho, talvez não como opção, mas como sina.

quarta-feira, abril 16, 2008

Suicídio de Almas



Quando olho diretamente para a cena diária, olho e não entendo muito bem. Vejo um monte de sacos de carne inflados pela água vermelha que circula intensamente para pequenas peças que tentam manter esse mesmo saco de carne num ritmo feliz.
Quando começa o suicídio da alma? Em que momento passamos a deixar de ter desejos e alimentar sonhos?
É bem isso que eu sinto no dia-a-dia, a única coisa que todos conseguem é tentar descobrir quem matou Isabela? Pode isso? Todo mundo persegue um drama diário, um fato de sangue para que possa dessa forma expressar suas emoções, alguns estão indignados, outros brotam de fúria e alguns simplesmente nada acham.
Onde estão as emoções de cada um, sobre sí mesmo, sobre o seu time de futebol, suas idéias, sei lá.
O que sinto mesmo é que cada um está na sua, mas na sua espera contínua pela morte, e como são tão cheios de pudores e acreditam mesmo que se derem cabo das próprias vidas não irão para o céu, ou mesmo que eles não tem o menor direito sobre o fim delas, vão assim
flagelando, num contínuo e intenso hara-quiri espiritual.

sexta-feira, abril 11, 2008

O Fel Nosso de Cada Dia.


Hoje eu acordei.
Nossa ainda estou vivo, isso deve sempre ser uma surpresa, é melhor, aproveitamos mais o dia.
Não hoje, não tomei banho, não escovei os dentes e nem mesmo passei desodorante, estou como vim ao mundo, claro que sem aquelas melecas da placenta. Só falta alguém que me de um murro e eu comece a chorar, estou vivo?
Vou sair para rua, vou passar novamente ao lado daquela estúpida flor na minha garagem, espero que ela não faça gracinhas.
O barato desses dias de fel é que tudo contribue, escrevo essas palavras e meus braços parecem querer serem arrancados, doe, e mas e daí, a cabeça disse que preciso escrever, foda-se o corpo, se vire e agüente, não é sempre assim, ainda bem que o Tom Waitts reclama comigo ao fundo nas caixas de som, vamos nós de braços dados sair por aí e se encharcar de vinho.

quinta-feira, abril 10, 2008

A Estúpida Flor na Garagem




Meus braços doem, meu corpo se levanta e arrastado pelo bafo da manhã me entrego a um lava almas matutino.

Não consigo mais ligar o rádio ou ver a televisão, é muita bobagem junto. O Presidente diz, O preço da comida aumenta, porque o povo está comendo mais". O regabofe no congresso é escancarado, comemoração é claro, um dia de trabalho de cada trabalhador continuará sendo jogado no ralo da roubalheira. E o Presidente diz, " Deus vai fiscalizar essas contas". Oh my god. É isso, como posso me levantar feliz ou bem disposto. Sei que vou sair pela rua vou encontrar uma penca de motoristas mal humorados e grossos.

Eu estou mal humorado, estou chato, logo, estou mais vivo do que nunca. Saio de casa e lá no muro da garagem um vaso com coisas verdes dentro, pelo menos achei que eram coisas verdes, coisas que me disseram que tinham que "aguar" de vez em quando e nessa manhã chata e sem graça me deparo com uma cena que não combina. Naquele vaso cheio de coisas verdes apareceu uma flor, é mesmo, uma flor.

É impressionante como essa tal de natureza insiste em tentar acabar com nosso mal, mau humor. Ela branca, pura e insiste em crescer fora das coisas verdes e tentar dizer que tudo pode melhorar, que flor estúpida na garagem, graças a alguém temos a Dengue, e com todos os motivos do mundo não vou agua-la e com certeza até o fim de semana ela morrerá, dessa forma continuo tranqüilo pelos dias vindouros.