segunda-feira, agosto 04, 2008

HISTÓRIA DE JANTAR E MADRUGADA

Uma mulher radiante de olhos brilhantes e jeito menina me perguntou, quase uma provocação. O que você tem de diferente?
Um silencio se fez, e ela atirando já foi dizendo, tá vendo, nem sabe, nem uma coisa para dizer... é isso.
É lindo quando você se vê acuado docemente pelas duvidas alheias. Que diferente queremos? O quanto queremos um detalhe que não se encontra nos outros? Nossa humanidade nos permite a busca incessante dessas diferenças, e vamos caminhando cada vez mais iguais uns aos outros.
Nosso desejos se assemelham sempre, desejamos uma felicidade que não conseguimos entender direito, mas que parece boa, queremos ficar juntos com outros e com alguém especial, queremos coisas e lugares para chamar de nosso, queremos um bichinho de estimação e não queremos a dor e é sempre ela que no faz crescer um bocadinho mais. Durante toda a noite de risadas e conversas todos na mesa de alguma forma ficava esperando o que eu ia dizer, escrever no guardanapo. É ele ficou numa sinuca de bico, pensaram todos. O que responder para mocinha espevitada que o tempo todo furava meu coração com a lança das suas dúvidas. Eu já te conheço viu.
Que bom, alguém me conhece, tento sempre saber qual vai ser o meu próximo passo e sempre me engano. É claro que a resposta era fácil, talvez sem muita lógica e mesmo sem graça, ou pior ainda, cheia de soberba. Que resposta mais obvia de uma pessoa que é tão igual a todos, como todos são tão iguais?
É simples, eu sou igual mas vejo todos e escrevo sobre todos, sou poeta, sou um fingidor, que finge a dor que deveras sente”, como dizia Fernando Pessoa, e se olho com os olhos do mundo, enxergo mais longe, as mesmas coisas minhas e suas.

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